News Farma (NF) | O mote subjacente ao Congresso Português de Oftalmologia 2018 são as doenças oculares associadas à idade. Quais as razões da escolha deste tema?
Prof. Doutor Manuel Monteiro Grillo (MMG) | Este é um tema importante para ser debatido entre os especialistas de Oftalmologia, porque o atual envelhecimento da população que se tem verificado nos países desenvolvidos, entre os quais Portugal, corresponde a um aumento do número das doenças oculares mais frequentes em idades avançadas, nomeadamente a degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), o glaucoma, a retinopatia diabética ou as cataratas.
Uma das principais causas de cegueira é a DMI, estimando-se que, anualmente, surjam cerca de três mil novos casos de DMI exsudativa no nosso país. O glaucoma, por sua vez, é considerado a segunda maior causa de cegueira a nível mundial (a seguir às cataratas) e a primeira causa de cegueira irreversível. Estima-se que cerca de 3% da população mundial com mais de 40 anos tenha glaucoma e que existam atualmente cerca de sete milhões de cegos bilaterais por glaucoma.
O glaucoma, a DMI e outras doenças associadas à idade quanto mais tarde forem diagnosticadas, mais interferem de maneira negativa na vida pessoal e social dos doentes e mais recursos económicos exigem para o seu tratamento.
NF | A incidência das doenças oculares associadas à idade na população portuguesa tem vindo a aumentar. Quais as razões subjacentes a este aumento? O que pode ser feito no sentido da prevenção deste problema?
MMG | As doenças oculares associadas à idade têm vindo a aumentar, por um lado devido ao envelhecimento da população e, por outro lado, porque não é realizado o diagnóstico precoce destas doenças. Assim, é aconselhável ir ao médico oftalmologista para que estas doenças oculares sejam detetadas e tratadas atempadamente. Devem haver mais consultas regulares ao médico oftalmologista, tendo os rastreios alguma relevância para a deteção de algumas destas doenças.
O nosso grande objetivo é tratar o mais precocemente possível estas doenças, de modo a tratar as que são tratáveis e a retardar a evolução daquelas que ainda são consideradas incuráveis.
NF | Quais foram os critérios considerados para a seleção dos temas que vão ser discutidos no Congresso?
MMG | Escolhemos temas que podem ser pouco conhecidos junto da população e que precisam de prevenção, diagnóstico e tratamento.
NF | Quais são os principais objetivos deste Congresso? Qual a importância deste Congresso na formação dos especialistas?
MMG | O nosso principal objetivo é que se reúnam no mesmo local os profissionais (de norte a sul do país) que se interessam por diferentes subespecialidades, dando possibilidade a que haja a interação entre elas, por um lado, e, por outro lado, contribuindo para a redução do número excessivo de reuniões que ao longo do ano se realizam.
Pretendemos também que sejam apresentados trabalhos científicos de extrema relevância para a área de Oftalmologia. Queremos que este seja um momento de troca de experiência e opiniões.
NF | Enquanto presidente do Congresso, quais as suas expectativas relativamente a este evento científico?
MMG | Estou expectante que irá correr da melhor maneira e que seja um momento de encontro dos oftalmologistas dos diferentes pontos do país.