“Em Portugal, as autoridades de Saúde comprometeram-se com estes objetivos, o que levou a que um número progressivamente maior de doentes esteja a iniciar a terapêutica”, afirma o Dr. Fausto Roxo, membro da direção do Núcleo de Estudos da Doença VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.
E acrescenta: “Ainda no nosso país, os últimos dados estatísticos indicam-nos que o primei 90 terá já sido alcançado”. Para que se consigam atingir os objetivos, doentes em tratamento e com carga viral suprimida, será preciso um esforço consertado das várias unidades de saúde e estruturas comunitárias, para a retenção em seguimento e tratamento dos doentes já diagnosticados, especialmente nos casos mais difíceis, como são as pessoas que se deslocam frequentemente dentro do país ou para fora dele”.
Face a este novo quadro, impõe-se a adaptação das estruturas que seguem estes doentes em cada hospital, com equipas multidisciplinares em que a Medicina Interna terá um papel central. Também estruturas extra-hospitalares terão obrigatoriamente que estar envolvidas, num futuro que poderá vir a contemplar consultas e fornecimento de medicação fora dos hospitais.
Ainda que tenha existido uma evolução positiva nas últimas décadas, o perfil do doente em Portugal sofreu alterações que devem ser analisadas e confrontadas. Se por um lado, os diagnósticos deixaram de estar maioritariamente ligados à utilização de drogas endovenosas, face ao sucesso das medidas tomadas neste campo nas últimas décadas, é preocupante a frequência atual de diagnósticos diretamente ligados à transmissão sexual, com particular relevância para a transmissão entre jovens homossexuais masculinos e entre pessoas de idades mais avançadas, na 5.ª e 6.ª décadas de vida, por relações heterossexuais.
“Do simples enunciado das questões levantadas, a merecer discussão mais aprofundada, constatamos que realmente os tempos estão a mudar. Cabe-nos a todos encontrar as respostas sopradas por estes ventos de mudança”, conclui o especialista.